sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O Avião.

Naqueles dias em que o sol cansou de queimar lombo de neguinho e a chuva voltou a dar o ar da graça nas tardes tediantes, o pessoal andava meio pensativo, refletindo...
O regime, a caminhada no fim da tarde, as economias, mudança de atitude etc. Essas besteiras que agente só pensa quando é fim de ano.
Depois de mais um dia desgraçado, café rápido, ônibus às seis, patrão falando merda. Chegou o fim do expediente, em que todos se aprumavam para ir embora, no caminho as reflexões e os pensamentos invadiram a mente de toda essa massa. Massa que variavam de dezesseis à cinqüenta e poucos anos, todos matutando rumo ao ônibus.
E nessa caminhada um avião, monstruoso, fabuloso de tão grande, chamou à atenção de todos, que ergueram suas cabeças pára o céu azul e limpo, franzindo a testa. E refletindo todos no fundo de seus corações sentiram vontade estar naquele avião, aonde é que ele fosse, e começar tudo do zero, tudo de novo, de errar, de aprender, de satisfazer seus anseios e vontades e não mais promessas na época natalina. E passou o avião, e a atenção voltou a lucidez. O sonho foi-se embora junto com o avião por esse mundo órfão de tudo, e baixaram suas cabeças, convictos que todo ano é a mesma coisa, os mesmos problemas, o mesmo caos, e no final de ano as mesmas promessas voltam.


Um novo começo, já!



kauan



segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Para: Nóia

Estou cansado dessa vida podre, de mentiras e verdades misturas às poeiras na mesa de jantar,
Estou cansado dessas futilidades, o escambau de maquinarias de alienação, quero espandir.
Tu, que paira nas mentes dos loucos
Tu, que balança os neurônios
És tu, que preciso agora.

K.

Homem-nenhum

Cansei de respirar entra quatro paredes e tragar fumaças infinitas de cigarros, vou ver a vida lá fora.
Saio, o contato com o vento e a energia lunar me da alegria e eu caminho feliz.

Até quando o mundo é além do meu quarto?

Trago mais, mais e mais. Paro num bar pra uma dose de cachaça.

Visões de mundo. Filosofias de boteco.

Eu não tenho visão, pra mim o mundo é uma bola dançante entupida de futilidades.
A minha filosofia é pensar, mas nem penso mais, viajo. Vivo por viver, me resta só.

Caminho.

Existe sim caminho infinito, é o meu.
Tenho tantas estórias... e parte dessas estórias ta aqui nessas folhas em minha bolsa.

Amor.

Tão abstrato quanto eu...
...é tudo que vale a pena. Todos os amores bem-vindos, por favor. Do mansinho, do chorado, do rasgado... O meu é amor de louco!
Mas eu não amo mais... Não sinto mais... Esqueci de mim, esqueci o amor.

Desço a ladeira, viro a primeira à esquerda, escorrego, a cachaça sacode meus neurônios já podres. Acho um rio.
Brisas, de vento e de fumaça me cercam.
A lua está gigante, a maior que já vi.

Mentira.

Minto sempre, minto pra todos, minto pra mim.
Choro. Choro muito, to cansado, to mentindo, to abandonado, não tenho nada! Nem casa, nem dinheiro, nem destino, nem cigarros PORRA acabou o cigarro!

Acabo-me.
Durmo
Sonho.

Sobrevivo-me. Mergulho no rio vivo de novo!
O peso da vida está em minha mente. Formigante, delirante.
O barulho do capitalismo inferna meus ouvidos, caminho pela cidade – plock, plock, plock .

Corro, fujo, paro, ofego descanso.

Procuro não sei o quê.
Dizem que o cigarro tem 4.200 substancias química, acho que todos os cigarros somados fazem efeito agora, pirei.
Caramba! O que eu to fazendo?

Prédios, prédio, prédios, me perdi, eu não me acho.
Meu coração pula, gira, sei lá! Nunca corri.
Começo a girar, caí, to viajando, não ouço nada, só vejo coisas legais, coloridas, flores, árvores, flutuo, é lindo tudo isso! Carambaaa! Olha o Jonh Lennon, cara! Agora tudo branco, branco...sinto paz...Meu Deus, eu morri? Não!

Lembro de tudo que não fiz, como se fosse um sonho... choro, esqueci de viver! Meu coração se acalma, sinto o que m fazia falta, o AMOR, ahhh...o AMOR... lembro das coisas boas... MÃÃÃÃÃE! DÁ OI PRA MIM!! Caramba! O céu é muito legal

Meu coração pára.
Fim do jogo.
Kauan

Beco do Candeeiro.

No gueto central de Cuiabá
a vida é diferente, a vida se difere
seja pelo gosto da cachaça,
seja pelo cheiro acre do beco abandonado que cheira a lixo,
seja pela iluminação de baixa lucidez que realça o cabaré, que ilustra a alegria dos abandonados por si, do trabalhador, do maluco e do vagabundo.

Nas entranhas deste beco há magia.
O suor do cansaço em suor de prazer,
A preocupação cotidiana em desejo infinito,
Desejo de sexo, desejo de mais cerveja, desejo de esquecer-se, de se afogar na mulata.

Ao ritmo das músicas que falam de abandonos de cornos impulsa 1, 2,3... Copos de álcool que sobe a mente e pira o cabeção que alegra o infeliz.

A noite anoitece infinita.

A puta que rebola convida os senhores ao prazer, ao delírio, delírio que não se sente ao ver futebol, é o delírio que suas mulheres necessitam e gemem caladas...

As putas são como anjos, sempre sorridentes e convida os leprosos ao ápice das alegrias.

No beco do candeeiro reina a magia
Reina o delírio
O prazer
O sexo
A cerveja
A vida.


K.